Testamento
À prostituta mais nova Do bairro mais velho e escuro, Deixo os meus brincos, lavrados Em cristal, límpido e puro... E àquela virgem esquecida Rapariga sem ternura, Sonhando algures uma lenda, Deixo o meu vestido branco, O meu vestido de noiva, Todo tecido de renda... Este meu rosário antigo Ofereço-o àquele amigo Que não acredita em Deus... E os livros, rosários meus Das contas de outro sofrer, São para os homens humildes, Que nunca souberam ler. Quanto aos meus poemas loucos, Esses, que são de dor Sincera e desordenada... Esses, que são de esperança, Desesperada mas firme, Deixo-os a ti, meu amor... Para que, na paz da hora, Em que a minha alma venha Beijar de longe os teus olhos, Vás por essa noite fora... Com passos feitos de lua, Oferecê-los às crianças Que encontrares em cada rua... Mais um bocadinho de Angola pela mão da saudosa Dra Alda Lara
2 Comentários:
que poesia maravilhosa, obrigada por me apresentar à dra. Alda Lara, que preciosidade. Amei. Beijos e uma boa semana para você Armalu
Olá Armalu
Lindo, lindo poema, não conhecia. Adorei.
Bjux
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