quarta-feira, 31 de outubro de 2012

  Nestes dias assim, de Outono...em que tudo me vem a cabeça....
Lembro-me de outro Outono, noutro Continente, em plena mato Africano.
Lembro-me da Fazenda Lola do tempo em que ainda pensava ser feliz, vivia no meio daquela natureza agreste, onde apesar de ser mais fresco era tão húmido que parecia que tudo esta molhado...
 Era o preparar o então mata-bicho( pequena refeição que os homens comiam antes de irem para o campo, delinear trabalho) composta quase sempre por leite café fruta e pão com alguma coisa modo geral  manteiga ou compota caseira, feita ali mesmo em casa.
 O pão era caseiro feito por nós na roça. Ao falar nisso aprece que lhe sinto o cheiro, eram pães pequeninos tipo scones, mas que faziam as delicias da família.
Todos os dias me levantava as 5 da manhã para os ter prontos próximo das 6 e meia hora da partida para o campo.
 Tirar os animais dos currais. Era um prazer. Aqui tudo fazia com prazer.Ainda era, ou pensava ser..Feliz...
.Era uma fazenda de gado , banana, e coconote. Ali bem nas margens do Quanza.
No tempo das chuvas as  margens alagavam saiamos de casa de canoa, a chimbicar ( o chimbico era uma vara , grande com que se guiava o barco)  ali não havia nada senão o que a fazenda produzia. 
Havia hortas mas que desapareciam com as terras alagados.
Carne vinha das Zanzalas mais, distantes, a carne de pacaça, javali ou veado, era caçada pelos homens e havia carne para todos, estou a recordar a gumga, carne muito saborosa e tenra,
 Não havia radio, televisão Internet nem se sonhava com isso, mas todos eram felizes.
A noite as pessoas faziam o que já esqueceram agora, conviviam, reunião-se nas casas do colega de trabalho, faziam-se serões de amena conversa, era um por todos e todos por um.
Nada tinha mos, e nada nos faltava.
Havia a força da juventude eu era uma miúda de 23 anos, o mundo era meu, tudo era motivo de festa, até os momentos menos bons davam para rir. 
Esquentador nem nos sonhos, havia um deposito  sobre a casa, agua era aquecida ao sol no calor da terra, muitas vezes era difícil pois no tempo quente queimava .
Havia os sengues( sabes o que são sengues? parece crocodilo mas muito menor. São o maior inimigos  pois ferrão as garras por debaixo dos crocodilos e sugam-nos todos até os matarem) os grandes inimigos dos crocodilos que coabitavam connosco, no mesmo espaço, havia como que um código secreto táctico, nós não os incomodávamos e eles também não. Muitas vezes para sair de casa tínhamos de esperar que saíssem das escadas . 
Engraçado como agora ao lembrar começo a pensar como pude nunca ter medo, nem sequer pensava que o perigo estava ali mesmo ao sair da porta.




 

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