sábado, 24 de outubro de 2015

( 3 ) Vidas

 Cair e levantar, sempre me ensinaram que cair todos caímos, mais ou menos, o que nunca devemos é ficar no chão.
O que hoje parece sem solução se procurar dentro de si vai encontrar o caminho a seguir.....
Lhe ensinaram, ela quiz passar isso para os filhos....
Não foi nada fácil, todo o período vivido.
Só quem viveu aquele período maluco da descolonização feita naqueles moldes sabe o que foi, ela sabia, ai se sabia. Sempre tinha trabalhado. Depois casou e viu-se com a casa saqueada, dois filhos sem dinheiro e trabalho, andaram perdidos desorientados algumas horas, debaixo de fogo cruzado ela nunca percebeu como o carro não foi atingido por alguma bala.
Foram para Luanda. O desespero  era total. Alguém se apercebe. Três criaturas maravilhosas ela pensa ser três anjos, lhe deram abrigo.
Viveu dois meses naquela casa em Luanda no bairro da cuca.
Lhe deram tudo, alimentação, carinho, força roupa para eles e para as crianças, um era bebe de poucos meses.
Vir para Portugal estava fora de questão.
Arranjaram trabalho, começaram a viver, muitas limitações, só que os 4 vivos, mais unidos que nunca, as dificuldades também servem para unir as pessoas.
voltando ao tempo da mudança de casa.
Ela já assumira uma cozinha, voltaram o sorrir.
O primogênito da família tinha já 22 anos, era um jovem cheio de garra, com muita vontade de  singrar, com uma voz linda, muita força de viver.
Tinha comprado uma moto a pouco tempo, ia de ferias para o algarve no dia seguinte.
Quando um acidente o coloca no hospital entre a vida e a morte, foram meses de muito sofrimento tudo parecia desmoronar-se a volta dela, foram horas de muito incerteza.
Ele era forte e passados 2 meses em coma, começou a reagir, ficou bem , depois do que pensavam não iria sair, tinha traumatismo craniano, queimadura 2º grau nas costas , as costelas do lado esquerdo todas partidas com perfuração de pulmão,e 27 facturas exposta num braço e omoplata, esse braço fez esmagamento  do duplex braquial, esta lá mas não funciona, é como se não existisse.
Tem sido muito, doloroso.... aprendeu a conviver com a situação, é um trauma que ficou,  hoje faz a sua vida normal trabalha é independente. Um homem agora de 43 anos. Minha primeira obra de arte.
pois tenho mais duas, diz ela, seus outros filhos.
A vida nem sempre é fácil, só que vale sempre a pena lutar por aquilo que ambicionamos, por aquilo que nos faz feliz...LR
Continua 

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